28 de ago. de 2007

Dix-sept.

À última bolacha do pacote.

Já disseram-me uma vez "goste de quem gosta de você". Ou várias. E eu gosto. Mas não tem jeito, porque mais do que dos que amam, eu gosto dos indiferentes. Daqueles que sussurram bom dia, têm ego inxado, meios-sorrisos, mania de Outono, conformados da vida que nunca perguntam "e você". Dos que não te olham nos olhos, te fazem carente. Dos que deixaram de se surpreender.
Prefiro um tapa na cara à essa indiferença sutil. Superstição a parte, não casarei depois de tantas que têm a certeza de que são a última.

24 de ago. de 2007

Seize.

Hoje eu vou. Levo o necessário, deixo apenas as lembranças esquecidas para quem não vai. E volto mais feliz.

Solta me o cabelo
Perdes-te comigo
Porque o mundo é um momento

22 de ago. de 2007

Quinze.

Today's fortune:
The star of riches is shining upon you
Hahahaha. Se não soasse tão falso, seria degradante.

Ainda vou descrever o vazio de não sei o quê, a Amazônia, e a pessoa que é incógnita.
São esses meus deveres de vida. Além de estudar pras provas da escola.

15 de ago. de 2007

Catorze.

Se eu pudesse.
Fazer-te esquecer das desilusões, absorver todas as suas dores. Êxtases de um medo que eu não via, seu sorriso de novo.
Do you believe I can make you feel better?

Treize.

Talvez eu realmente esteja atrás dessa indiferença.
Falsa felicidade me lembra depressão; baralhos (interna/censura) me lembram uma época marcada pela falsa liberdade, seguida de muitas mentiras e adrenalina.
she's a maneater

Douze.

[escrito há muito, é velho, velho. um ensaio que tanta gente já leu que arrisco chamá-lo 'clássico']

December Rain - cedendo a falsas tentações

Foi nessa tarde chuvosa que resolvi escrever-lhe tal carta, uma que nunca fará juízo. Resisto, pois não quero imortalizar o que nunca fui capaz de esquecer. Mas... Como impedir o galo de cantar?
Vasculho nos confins de minh'alma por uma única entranha que não grite pelo seu nome. É preciso deixá-lo partir, suas linhas fracas vão se apagando, longe da minha realidade.
Dizem que estou mais forte, que me transformei, que superei seu amor. Ou a falta dele. E dizem que achei a 'forza della vita' e que nossa maior virtude está na capacidade de amar muitas e muitas vezes. Mesmo quando achei que não aguentaria outra decepção, vi que é possível conviver com tudo isso. Um dia de cada vez. Uma pequena dose de nostalgia a cada pôr-do-sol.
Agora, se isso estivesse superado, não estaria escrevendo-lhe. Por mais que tente, sei que só quero a você. Tanta saudades dos nossos tempos, das nossa horas. Ainda sinto sua falta. A falta não é o vazio; é o contrário. Algo cheio demais, que transborda em mim, que berra e esperneia pra sair, mas fica contido, e dói, e arde, e agoniza.
Hoje, secretamente, vi lá fora um beijo roubado, um último suspiro. Beijo interminável, aquele. Cena de cinema, fazia com que os olhos mudassem de cor. Nós estávamos lá. Cabelos, mãos, pernas, olhares. Sob roupas molhadas, na ponta dos pés, era capaz de sentir nossas almas se tocando, ternamente. Um beijo que continha a ansiedade do primeiro e o desespero do último. Pingos caíam. Cheiro de orvalho, cheiro de você. Um grande vício, um ato sincero, um sentimento recíproco. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Aquela paixão era condicionada a nós dois, dois que nunca deixavam de se surpreender. Um última tarde juntos, aproveitando com todas as forças o fim de nossa pseudo história eterna. E nem mesmo aquela que teve a façanha de acabar com toda a ardência, aquela que é sua verdadeira tentação, entenderia a intensidade daqueles pingos.
Mas saí do devaneio e todos os anjos me deixaram nas mesma velocidade com que me tomaram, deixando apenas pingos escorrendo pela face marcada. Fiquei só, com o momento que tanto anseio, antes que seja tarde. Vi, então, que mesmo o tarde já passou, o tempo acabou para nós. Como sempre foi, quase como desconhecidos.
Você sempre foi tão indiferente. A falta de cumplicidade me enlouquecia a cada dia e aqueles olhos nunca me deixaram escapar seus mais profundos anseios. Olhos amêndoas que estarão para sempre acesos em minha memória. Profundos, cativantes, sinceros. O que me atormenta a alma é saber que você nunca me olhará como o fez a do nome de conto-de-fadas. Seus olhares tão únicos, sempre a desejá-la.
Hoje você a tem e eu desejo intimamente nunca tê-lo conhecido. Não esqueço ao levantar, ao deitar ou ao sonhar. Aqui me despeço, em meio a pingos incanssáveis, sem saber ao certo quanto tempo ainda aguentarei. Mesmo quando a chuva passar, pela tentação daquele que nunca foi meu.
Da que lhe tenta, tentação.
but sometimes, sometimes you just have to walk away.

14 de ago. de 2007

Onze.

Eu preciso me queixar do que se perdeu. Do idílio que vivia quando o tempo passou na janela.
'O que acontece nas férias, ...'.
O que aconteceu com o que acontecia?

Ao mergulhar
ponta de pena
em tinteiro preto
sinto sua saciedade

Criança mulata
em Rio Tapajós.

Antes de sujá-lo, eu solto o ar carregado. É como se tudo ficasse claro por alguns segundos, absorvido no papel. E tudo volta ao normal.
Igual àquele abraço que ele, que fala certo na hora certa, me deu em Dezembro. Foi pesarozo e inesperado, mas o mais sincero que já recebi. Por alguns minutos, ele foi um anjo absorvendo toda a dor. Ao abrir os olhos, vi-o indo para casa. Soltei-lhe algumas poucas palavras desclassificadas no ar, mas não consegui dizer adeus. Foi a última vez que eu o vi, seu último olhar. Olhares tão intensos ele tinha.
Naquele dia não senti o mundo, anestesiada, apenas dormi um sono sem sonho. Nos dias que se seguiram, a chuva era constante. Acho que foi quando nasceu pra mim a dupla paper & pen.
Algumas coisas devem ser vivenciadas, não contadas. Por isso nunca disse nada. Quando a gente chega ao fim, se lembra do início.

tô com saudades de você debaixo do meu cobertor

Dix.

Esquece tudo e dança. A música vai tomando sua alma, te levando por caminhos de falsa alegria, felizes por si só. É nessa hora que seu corpo está desvinculado de tudo. A tristeza some e ninguém mais sofre.
Ela esquece que você existe.
Te gusta el reggaeton?
Music make you lose control

Neuf.

Irônica,
seria essa vida de escritora em que me imagino. Escaparia pelas madrugadas em pensamentos despertos e sentidos aguçados. É nas altas horas que consigo ouvir através das portas, apesar de não ver estrelas. Sentindo o cheiro perfumado dos meus fios de cabelo.
O chão de pedra das paredes frias do banheiro e sua iluminação - de farmácia, como bem me lembraria um novo amigo de alma velha - clamam por minha alma pueril. Além da clássica dupla paper & pen, tem um cachorro preto. Ele está sempre debaixo da minha janela, ladrando. Para o quê, ainda não descobri.
Eu me sinto em um campo de concentração. Alienada, com a imaginação já ausente de qualquer peso; refugiada da alma.
A respiração ofega, o coração acelera. Já é possível escutá-lo, de dentro pra fora. Entra desabando, cai como num passo de dança. Nasce um poeta. Dizem que a alma do artista é irrequieta.
Fora de devaneio, hoje começa meu Nirvana na Terra. O Sol nasce pra mim, a culpa é toda dele. Meu Jardim do Éden floresce, já posso sentir o aroma de Dama da Noite. Ela entra com um quê de rainha.
Sentido, já não há! A morte logo chega. Mas as cores do céu continuam ali. E quanto a gente paga pelos sonhos que deixou pra trás? - desisto -

Huit.

Tem gente que me tiradosério.
Eu tô precisando destilar um veneno mortal com a Lu.

Sept.

"[...] Still am not. Gotta learn to love. Desculpa."
"Yeah, boy... I bet you do."


Sabe do quê? Ele nunca entendeu as palavras de Saint Éxupery. Não posso fazer mais nada por você, boy.
Get over it.
- Hi stranger.
- Hi you back.

Six.

Sobre reminiscências e reticências...

Meu último refúgio virou as palavras. Gravadas, sempre desse jeito. Só elas têm sido capazes de acalmar a alma fugaz. Acho que ainda existe aquela vontade de demonstrá-las, mas sairiam apenas sons...
Aquele silêncio estava ensurdecedor. Em pensamento, eu implorava por qualquer coisa. Uma palavra, um som. Bastaria. Os faróis lá fora passavam repetidamente. Iam me cegando, enquanto o motor do carro roncava. E sempre o silêncio...
As lágrimas contidas. Eu não chorava, elas iam sendo arrancadas de mim, uma a uma. Mas era apenas raiva com um gostinho podre da velha história...
Eu me lembro nitidamente da primeira vez que te vi, agora sei que a culpa foi sua. Você sustentou aquele olhar.
Sedução dos sentidos, que um por um se rendiam.
Parecia que o mundo desabafava, mas calei-me em ti.
E já nem sei mais quem sou.
Se ao menos tivéssemos colocado logo um fim naqueles sinais reticentes.
Me ficou um gosto de bala e pipoca na boca.
Como dizia o ditado mesmo? Que é vivo sempre aparece. Uau.
Sabe quando dói?
Então, é você.
Meu sangue ferve. São tantas coisas.

Cinq.

as lágrimas dele
me caem como espinhos
da rosa branca e murcha
que lhe joguei

"ah, cansei de chorar escrevendo isso"

Quatre.

O que você poderia dizer
sobre um ‘corazón partio’
por trás de olhos naturais?

Tanto pra lhe falar, tão pouco tempo. Ainda assim, gozo de uma tarde vazia deitada sobre teu peito.
...
Estranho é eu não me sentir bem com você. Talvez, apenas talvez, essa seja uma das ‘coisas certas a fazer’, e eu estava tão vulnerável quando você me prometeu o pôr-do-sol que eu me contentei com um último vislumbre do seu horizonte. Já não sinto medo desde que minhas lágrimas secaram.
Cansei. De tudo. Cansada, vou passeando numa pracinha ensolarada com a Gaia – meu labrador, se é que tenho direito de possuí-la – e penso no menino que morreu lá. No que se passou na cabeça dele quando lhe apontaram uma arma. Ou se não passou. E no que você diria se estivesse comigo. Posso ver você me olhando com olhos entusiasmados, que vão esmaecendo até entrar num devaneio crônico. A verdade é que meus olhos e olhares também estão cansados. Ah, que seja, você também me cansa, não tenho vontade de vê-lo. Ainda assim, mal posso esperar para daqui alguns meses, em que vou estar linda naquele vestidinho e vou fazer você me querer, mas daí ,‘baby’, vai ser too late for you.
Sou egoísta de tantas palavras que gasto comigo nessa linhas desgraçadas.
What the hell is wrong with me?
não adianta nem me procurar
em outros timbres, outros risos
eu estava aqui o tempo todo
só você não viu
ps: depois do ‘foda-se’, isso fica divertido

Trois.

por tantas vezes
fico a perguntar
pela torta linha
em que esqueci
meu final feliz

Blá, blá, blá. As pessoas falam demais. E eu sinto essa eterna saudade. Pode ser de você, ou dos velhos sorrisos, mas acho que é da menina das fotos. De suas caretas engraçadas, olhos arregalados e cachos definidos em uma cabeça arrepiada. Até suas lágrimas puras e quentes dão-me saudades.
Minha infância acabou no dia em que sequei as lágrimas grossas daquela pessoa que nunca esquecerei. Eu a amo tanto que já não consigo estar feliz quando ela está triste. Será sintonia, dependência ou consegui me anular a ponto de não mais existir? Lembro que nesse dia fatídico meus cachos caíram e acho que foi pra sempre. Eu deixei espaço apenas para o lugar onde se fala o necessário.

Deux.

Amanhã é dia de branco no preto, diria minha madrinha. E muitas outras cores, naquelas carinhas de sono. O fato de eu ser branca é que fico rosa com muita facilidade, contraditoriamente a esse clima em fim de férias frias constituídas por muito calor humano. E os ossos já endurecem.
Uma coisa se perde nesse fim. Assim como em todos os outros, mas eu não entendo ao certo o quê. Seja pela lembrança de um quarto cheio de fumaça com três garotos queridos, de alma nobre e personalidade distinta; pelo eco de suas vozes dizendo 'man' entre risadas; pelos cafunés; por aquelas madrugadas de conversas intermináveis; pelas músicas-idéias-textos; pela eterna saudade da Amazônia.
Não sei o que aconteceu, minha visão ainda embaça. Te deixo a certeza de que não há mais tempo pra viver em vão.
'ciao bella'

e eu não sei que hora dizer
me dá um medo, que medo
é que eu preciso dizer que eu te amo
te ganhar ou perder, sem engano

Un.

[com a devida licença poética]

Viver é poder conhecer e amar, mudar e pular, se despedir e ter consciência do poder de um gesto. Esquecer o sentido, a concordância, sem medo do que ficou, do que se fez, pra onde vai; saudade é a prova final do que realmente valeu a pena.
metamorfose se completou
depois de tantos anos
chorei feito uma criança
"Nunca uma espelunca
uma rosa nunca, nunca mais feliz."